Geraldo Maia

Trajetória

"O sonho europeu de Geraldo Maia, muito bem sucedido luzitanamente, culminou com seu retorno ao Recife. Ao Recife-utópico, essa utopia da cidade-Recife, que começou com a bossa-nova de Teca Calazans, Sebastião Vilanova, Marcelo Melo, Geraldinho Azevedo, passando e ultrapassando pelo tropicalismo de Aristides Guimarães, até culminar no próprio Geraldo Maia, essa potência vocal, esta beleza de voz, sublime, sublimada e sublimadora, que vê o Recife como uma utopia, além de todas as mesquinharias e megalomanias provinciais."
Jomard Muniz de Brito, poeta

Geraldo Maia é filho de pais portugueses. Nasceu em 28 de maio de 1959, no Recife. Sociólogo por formação, dedica-se à carreira musical desde o início dos anos 1980. Naquele tempo, começou a realizar os primeiros shows, como “Coração de Pirata” (junto com o cantor e compositor Marco Pólo) e “À Noite Tem Mais Luzes”. A partir de 1983, participou do Projeto Pixinguinha e se tornou presença constante na cena musical recifense.

Baile do Menino Deus
A estréia fonográfica foi no disco coletivo “Baile do Menino Deus” (1983), lançado pela gravadora Eldorado, que é trilha sonora do espetáculo teatral baseado na tradição natalina dos pastoris do Nordeste. O sucesso do trabalho se confirma até hoje. O disco foi relançado em CD e a peça, depois de anos em cartaz, recebeu nova montagem em 2004, que contou com a presença do cantor.
Seguindo o êxito do “Baile”, Geraldo Maia também integrou o elenco de artistas nos discos “Pavão Misterioso” (1984), “Bandeira de São João” (1987) e “Arlequim” (1988). Todos estes projetos são de autoria de Zoca Madureira (violonista e compositor do movimento armorial), Assis Lima e do consagrado escritor Ronaldo Correia de Brito.
No mesmo período, Geraldo Maia continuou se apresentando nos palcos recifenses, incluindo shows de abertura para artistas como Zizi Possi, Milton Nascimento, Beto Guedes e Cida Moreira, além de ter participado do Projeto Pixingão, no Rio de Janeiro.

Cena de Ciúme
Em 1987 gravou o LP 'Cena de Ciúme', em parceira com Henrique Macedo. A faixa-título do disco foi destaque nas rádios locais e o disco esgotou em pouco tempo. No ano seguinte, dedicou-se ao musical 'Brasil Sem Vergonha', dirigido por João Falcão (autor das peças teatrais Dona da História, Máquina e Cambaio).
Em 1990, o cantor vai morar em Portugal, onde fica por quase dez anos, cantando por todo o país. Nesta temporada fez excursão pela Europa, incluindo Alemanha, França, Inglaterra. “Naquele tempo, eu fazia parte de um grupo de artistas que havia esgotado todas as possibilidades no Recife. Então, desembarquei em Portugal numa fase em que o país experimentava uma ótima empatia com a música brasileira, o que facilitou bastante minha integração. Quando voltei ao Recife, vi que a cidade havia melhorado muito culturalmente, como conseqüência, entre outros fatores, do movimento mangue”, afirma o cantor.

Discografia solo
De volta a Pernambuco, Geraldo Maia começou a investir em disco solo. O primeiro deles é o “Verd'água” (1999), também lançado em nova excursão pela Europa. O título é extraído de um poema de Carlos Pena Filho e o disco tem arranjos leves e poucos instrumentos (sobretudo violões, baixo, violoncelo e percussão), numa estética bem atemporal.
O repertório intercala canções inéditas de compositores pernambucanos como Zeh Rocha, Carlos Mascarenhas e Henrique Macedo e peças assinadas por grandes composições da música brasileira, como “Rosa”, de Pixinguinha. Um dos grandes resgates é o choro-canção “Sejam Benvindos”, do mestre Cartola.
Dois anos depois veio o CD “Astrolábio”, que explora uma rica diversidade de arranjo e repertório. Além de continuar lançando novos compositores de Pernambuco, Geraldo também canta Lenine, José Miguel Wisnik, Tom Zé e Antônio Maria. As texturas sonoras abraçam tanto a tradição nordestina quanto a música eletrônica e a música de câmera.

Lisbela e o Prisioneiro
Em 2003, o cantor interrompeu momentaneamente seus trabalhos individuais para integrar a produção da trilha sonora do filme “Lisbela e o Prisioneiro”, interpretando Deusa da Minha Rua, junto com Yamandu Costa em CD e no DVD que registra o show com os artistas que participam da trilha.

No ano seguinte, lançou seu terceiro disco solo “Samba do Mar Quebrado” (2004), em que Geraldo homenageia o principal gênero musical brasileiro, com sonoridades do Nordeste e de Portugal. Além dos autores locais, os sambas são assinados pelos gênios do forró Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Há também temas pouco conhecidos de Nelson Gonçalves e Sinhô.
O show homônimo viajou por algumas cidades, incluindo duas apresentações no conceituado Mistura Fina, no Rio de Janeiro, em junho de 2006. Dirigido pelo cineasta e diretor teatral João Falcão, o show ganhou a simpatia da crítica e do público carioca.
Em 2007 Geraldo Maia lança “Samba de São João”, um disco que homenageia alguns dos principais compositores pernambucanos da primeira metade do séc. XX, dentre os quais Capiba, Manezinho Araújo, Luperce Miranda, “Meira”, Irmãos Valença dentre outros. Em 2008 grava o Programa Sr.Brasil, de Rolando Boldrin (TV Cultura – SP) com músicas desse disco.
Em 2008 lança “Peso Leve”, seu primeiro disco autoral, e em 2009 lança “Lundum”, CD em que mescla composições próprias com sambas de outros compositores.
Em 2011 lança “Ladrão de purezas – Um tributo a Manezinho Araújo”, CD que presta justa homenagem ao “rei da embolada”. O disco foi recentemente relançado e distribuído nacionalmente pela Biscoito Fino. Geraldo esteve no Programa Ensaio, de Fernando Faro (TV Cultura – SP) cantando as músicas desse disco.