CD Verd'água

Verd'água 1999

Extraída de um poema de Carlos Pena Filho, a palavra “Verd’água” intitula o primeiro disco solo do cantor Geraldo Maia. As 14 faixas são marcadas por uma sonoridade plácida, despretensiosa e atemporal, dialogando com o formato da capa, de cor creme e semelhante a um caderno, com fotos de infância e letras manuscritas. O trabalho, lançado em 1999, marca o retorno do cantor ao Brasil, depois de passar quase 10 anos em Portugal.

Embora as gravações tenham começado ainda em terras lusitanas, na cidade de Beja, em Alentejo, e depois finalizadas no Recife, “Verd’água” não apresenta citações claras a Portugal. Com arranjos leves e poucos instrumentos (sobretudo violões, baixo, violoncelo e percussão), o repertório intercala canções inéditas de compositores pernambucanos e peças assinadas por grandes composições da música brasileira, como “Rosa”, de Pixinguinha.

Mas um dos grandes resgates do disco é o choro-canção “Sejam Benvindos”, do mestre Cartola, cuja mensagem da letra lembra “As Rosas não Falam”, do mesmo autor. Dos compositores consagrados, Geraldo também interpreta o “Prelúdio nº 3” de Heitor Villa-Lobos. O tema foi composto originalmente para violão solo e representa uma das peças mais tocadas por violonistas clássicos no mundo inteiro. Mas nesta gravação consta apenas a segunda parte da melodia, letrada por Hermínio Bello de Carvalho.

De Pernambuco, Geraldo Maia lança compositores novos, muitos deles presentes nos discos posteriores do cantor, a exemplo de Carlos Mascarenhas (que assina “Outras Àguas”), Zeh Rocha (o afoxé “Morena Rara” e o maracatu “Loas, Lendas Luas”) e Henrique Macedo (“Ganga”). Já o compositor João Wash está presente com “Nosso Nome”, que Geraldo já cantava em show desde os anos 80 e o registro em CD é como uma homenagem à fase mais antiga de seu trabalho.

O violonista Zoca Madureira (autor das trilhas sonoras dos espetáculos “Baile do Menino Deus”, “Bandeira de São João” e “Arlequim”) transformou numa clássica e lenta valsa o poema “Verd’água”, de Carlos Pena Filho. Outro grande poeta pernambucano, Manuel Bandeira, figura no repertório com “Oração Para os Aviadores”, por meio de uma balada de Marcelo Soares.

Mas quem apresenta o maior número de canções é o carioca Paulinho Lemos (“Outra Dimensão”, “Rezas da Bahia”, “Quebro o Gelo de Toda a Relação” e “Todos os Seres”). Em todas elas, Geraldo Maia canta mais suave do que nunca.

O disco mereceu lançamento na Europa, durante excursão pela Alemanha, Inglaterra e Portugal. “A viagem foi um sucesso. Embora eu não tenha levado a banda, o público me recebeu de forma extremamente calorosa. Parecia até que eu estava cantando no Brasil”, destaca.


Faixas

  1. Morena rara Zeh Rocha mp3
  2. Sejam benvindos Cartola mp3
  3. Nosso nome João Carlos Wash mp3
  4. Outra dimensão Paulinho Lemos/Genaro Lira
  5. Rezas da Bahia Paulinho Lemos/Eri Galvão
  6. Oração aos aviadores Marcelo Soares/Manuel Bandeira
  7. Olinda José Antônio Madureira/Carlos Penna Filho mp3
  8. Prelúdio nº3 Heitor Villa-Lobos/Hermínio B. Carvalho
  9. Quebra o gelo de toda relação Paulinho Lemos
10. Rosa Pixinguinha mp3
11. Todos os seres Paulinho Lemos/Fátima Guedes
12. Outras águas Carlos Mascarenhas
13. Loas, lendas e luas Zeh Rocha
14. Ganga Henrique Macedo/Paulo Marcondes


Ficha Técnica

Produzido por Geraldo Maia
Pesquisa e seleção de repertório: Geraldo Maia
Arranjos de violões (em Portugal): Paulinho Lemos
Arranjos (no Recife): criação coletiva
Gravação (em Portugal): M.G. Estúdio, cidade de Beja-Alentejo (dezembro de 1998)
Técnico (em Portugal): Rui Guerreiro
Gravação (no Recife): Estúdio MUZAK, entre abril e julho de 1999
Técnico (no Recife): André Oliveira
Mixagem: André Oliveira
Masterização: Titio (Estação do Som)
Projeto gráfico: Ricardo Rique
Fotografia (capa): Teresa Maia
Fotos do encarte: Teresa Maia e outros

Discografia:
Avia (2015) Voz e Violão (2013) Estrada (2012) Ladrão de Purezas (2011) Lundum (2009) Peso Leve (2008) Samba de São João (2007) Samba do Mar Quebrado (2004) Astrolábio (2001) Cena de Ciúme (1987)